“O meu sonho é ver esse projeto dando continuidade e gerando emprego, renda para as comunidades e fazer com que os nossos indígenas permaneçam dentro do território. Ver os jovens ali juntos envolvidos”. Essa é a fala de Margareth Sirayup, Aldeia Figueirinha, da terra indígena Apiaká-Kayabi localizada em Juara, Mato Grosso. Assim como Margareth, muitas outras mulheres e seus familiares acreditam na geração de renda a partir do Projeto Man Gap, uma iniciativa que visa fortalecer a cadeia de valor da castanha do Brasil. O foco do projeto é o desenvolvimento social, produtivo, econômico, organizacional e ambiental de 04 (quatro) povos indígenas através do desenvolvimento da cadeia de valor da castanha do Brasil.

Para alcançar seus objetivos, o projeto investiu em qualificação, tanto para a divulgação da iniciativa em contexto nacional, como na agregação de valor a castanha, de maneira que valorize a produção indígena e a ideia da “floresta em pé”.

Luciele Manhuari, da Aldeia Renovada - Terra Indígena Apiaká-Kayabi em Mato Grosso, também participa do projeto e acredita que as ações do Man Gap auxiliam no fortalecimento da cultura, artesanato e na melhoria das condições de vida, com o beneficiamento da castanha, que agora estão sendo mostrados para as pessoas através das redes sociais.

O dia a dia do projeto e das comunidades envolvidas, é apresentado no perfil criado nas redes sociais de maneira coletiva e colaborativa, por mulheres indígenas das etnias Zoró, Munduruku, Apiaka e Kayabi.

Nos últimos doze meses foram realizadas cerca de 12 atividades, desde cursos à fechamento de contratos de venda da castanha, que hoje gera renda para pelo menos cem famílias indígenas nos estados de Mato Grosso e Rondônia. Das ações principais deste primeiro ciclo, o Curso de Mídias Sociais para Mulheres Indígenas impulsiona a organização de uma rede de comunicação entre as comunidades. Após o curso, algumas mulheres tornaram-se produtoras de conteúdos digitais, recebendo mensalmente uma ajuda de custo para conseguir ter acesso a internet e realizar as postagens. Essa ação considera a dificuldade de acesso que muitos indígenas têm a rede mundial de computadores e por isso motiva o grupo a buscar soluções para a continuidade dos trabalhos.

Também foi desenvolvido com os indígenas das duas terras uma formação em boas práticas de manejo e coleta de castanha na floresta e em boas práticas de fabricação de castanha beneficiada. Foi estruturado um Fundo Rotativo Solidário Indígena que vai apoiar a compra coletiva da produção de castanha das duas terras indígenas nas quais o projeto atua.

Já na geração de renda, o projeto conseguiu emplacar parcerias como o contrato de Fornecimento de Castanhas do Brasil para a CONAB, onde cerca de 100 famílias do povo Zoró, localizadas na região noroeste de Mato Grosso e sul de Rondônia, fornecerão juntas 19 toneladas de castanha do Brasil, em 2024, para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

A castanha também foi incorporada no Programa Mesa Brasil, do governo federal, em Rondônia e recebeu neste ano a Certificação de Produto Orgânico com auditoria da ECOCERT Brasil. A inauguração da Fábrica de Beneficiamento de Castanhas do Brasil numa aldeia Zoro, em Rondolândia, com a presença de representantes das comunidades indígenas envolvidas, da Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso, do Programa REM-MT, Secretaria de Agricultura Familiar de Mato Grosso (SEAF MT), Secretaria de Estado do Trabalho e Assistência Social (SETASC MT) e da Companhia Nacional de Abastecimento CONAB, marcou um momento histórico para o povo Zoró.

Nos próximos meses, ainda neste projeto, outra fábrica será inaugurada na Terra Indígena Apiaka-Kaiaby, cuja parceria com a Conab já está sendo construída para a comercialização de outras 19 toneladas de castanhas beneficiadas no mercado institucional da região de Juara, Mato Grosso.

O Projeto Man Gap trouxe uma mudança definitiva na vida destes povos indígenas, deixando de ser fornecedores de matéria prima para produtores de um alimento de alta qualidade, com alto valor nutricional, com resultados de impacto nas condições de dignidade dos indígenas e na conservação da floresta local, explicou o coordenador do Man Gap, Paulo Nunes.

 

Atividades do Projeto Man Gap

Estas ações fazem parte do Projeto MAN GAP, da ASSOCIAÇÃO DO POVO INDIGENA ZORO PANGYJEJ APIZ, inserido no subprograma de Agricultura Familiar e de Povos e Comunidades Tradicionais, do Programa REM-MT e são resultados de um trabalho participativo de acordos em prol do desenvolvimento social, produtivo, econômico, organizacional e ambiental dos povos indígenas envolvidos.

O Projeto Man Gap vem trabalhando para fortalecer o valor agregado da castanha da Amazônia nas terras indígenas da região Noroeste de Mato Grosso, promovendo visibilidade e a sustentabilidade dessa atividade econômica, através do impulsionamento ao desenvolvimento socioeconômico das comunidades indígenas, estimulando seu empoderamento e a valorização cultural da castanha do Brasil.

O Programa REDD Early Movers (Programa REM MT, em português) atua em Mato Grosso desde 2017, e beneficia aqueles que contribuem com ações de conservação da floresta, como os agricultores familiares, as comunidades tradicionais, produtores rurais sustentáveis e os povos indígenas, e fomenta iniciativas que estimulam a agricultura de baixo carbono e a redução do desmatamento, a fim de reduzir as emissões de gases de efeito estufa GEE no planeta.

 

Informações:

Paulo César Nunes

Coordenador Geral Projeto Man Gap

(66)8414-0204